Tarifas de 50%: empresários norte-americanos suspendem compra de pescados do Nordeste após anúncio de Trump
11/07/2025
(Foto: Reprodução) Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Pescados, 58 contêineres foram desembarcados de três dos maiores portos da região. Exportadores brasileiros já sentem reflexo da ameaça de Trump
Apenas 24 horas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar tarifas de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil, empresários norte-americanos suspenderam a compra de pescados brasileiros. Por isso, 58 contêineres de peixes, lagostas e camarões foram desembarcados de três dos principais portos do Nordeste, os de Salvador, Pecém (CE) e Suape (veja vídeo acima).
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A imposição da nova tarifa foi anunciada na quarta-feira (9) por meio de uma carta divulgada pelo presidente norte-americano. A medida vai entrar em vigor no dia 1º de agosto. Segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), Eduardo Lobo, 70% das exportações feitas pelo setor têm como destino os EUA, o que torna os produtores vulneráveis.
"Óbvio que o empresário vai interromper a produção, vai fazer demissões e com o tempo vai tentar escoar todo o seu estoque comprado para exportar para o mercado americano para outros mercados secundários, mas isso é um processo moroso", afirmou.
Para o representante da Abipesca, a situação vai na contramão da relação comercial que o Brasil tem com os EUA historicamente.
"A gente exporta para os Estados Unidos há quase 100 anos. A gente tem uma história. O pescado brasileiro, o pescado made in Brasil. Ele é reconhecidamente querido pelo povo americano, faz parte do cardápio americano, faz parte do hábito de consumo e a gente agora está numa situação grave, onde a gente pode perder o mercado mais importante que o Brasil tem nas exportações de pescados", disse Eduardo Lobo.
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Cenário de incerteza
Porto de Suape, no Litoral Sul de Pernambuco
Reprodução/TV Globo
A incerteza, no entanto, não se restringe ao setor de pescados e já atinge outras regiões e produtos do país. A economista Regiane Vieira alertou para os possíveis impactos no emprego.
"[Nas] nossas cadeias produtivas que são mais sensíveis à exportação para Estados Unidos como no caso do pescado, a gente pode ter um reflexo sim na parte de empregos caso o Brasil não consiga abrir novos mercados. Então buscar novos compradores ou que o mercado interno não consiga absorver grande parte dessa produção", informou.
A economista disse, ainda, que, como primeiro efeito do tarifaço, os preços dos produtos devem subir.
"O primeiro efeito mais preocupante nesse momento é a inflação, que pode ser pressionada em função do aumento de incertezas, que leva à depreciação da moeda brasileira. A gente vê um aumento do preço do dólar. Isso claramente tem impacto direto na inflação e é bastante imediato. E o Banco Central disse que está ali atento a isso", afirmou.
Para a especialista, apesar disso, o cenário geral no país é de recuperação da renda e do emprego e, por isso, o impacto não deve ser tão forte em outros setores da economia brasileira.
"Felizmente, internamente, a gente tem um cenário econômico onde a gente tem visto recuperação de renda e de emprego de uma maneira geral, então a gente está com demanda aquecida e parte dessa produção principalmente de alimentos pode ser absorvida pelo mercado interno", explicou Regiane Vieira.
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