Ataque tarifário americano espalha temores e incertezas entre empresários brasileiros
10/07/2025
(Foto: Reprodução) Eles acreditam que o bom relacionamento com parceiros comerciais americanos e o diálogo por canais diplomáticos serão fundamentais para tentar reverter - ou pelo menos reduzir - os impactos do tarifaço de Donald Trump. O ataque tarifário americano gera temores e incertezas nos setores empresariais brasileiros
O ataque tarifário americano espalhou temores e incertezas entre os empresários brasileiros.
O setor responsável por quase um terço de todo o café que chega às xícaras dos americanos se disse surpreso com o anúncio de Donald Trump.
“O setor brasileiro do café, todo o ecossistema, emprega 8,4 milhões de pessoas. Não há nenhum fato econômico que justifique qualquer alteração dessa ordem. O Brasil exporta café para os Estados Unidos há mais de 200 anos, tem uma relação comercial sólida, uma parceria em todas as outras esferas, especialmente também a industrial”, diz Pavel Cardoso, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC).
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, Roberto Pedrosa, diz que o setor também está apreensivo. Os Estados Unidos são o segundo maior comprador da carne bovina do Brasil:
“Há falta de carne bovina no mercado americano. Eles precisam se suprir de quem pode produzir com qualidade, sanidade, sustentabilidade. E o Brasil é esse grande fornecedor de carne bovina para o mundo, né? A se manterem as atuais colocações do governo americano, significa praticamente que o Brasil pararia de exportar carne aos Estados Unidos”, afirma.
O presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos, Ibiapaba Netto, lembra que a sobretaxa terá reflexos negativos para os próprios americanos, que há décadas têm o Brasil como principal fornecedor externo.
“Há impacto tanto para o setor exportador brasileiro quanto para as empresas americanas que recebem esse nosso suco. Para essas empresas também vai ser muito difícil, porque o Brasil é o principal fornecedor e não há no mundo hoje outro fornecedor com o produto disponível tal e qual o Brasil. É um problema para a gente, sim, com certeza, mas também é um problema para as empresas americanas”, afirma Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR.
O setor do aço, que desde junho já estava sobretaxado em 50% pelos Estados Unidos, avalia que agora será mais difícil negociar para reverter essa situação.
"A dúvida é se essa determinação dos 50% incidiria no aço em cima dos 50% já existente, o que significaria levado para 100%, o que nós achamos que não tem qualquer tipo de racionalidade. Esse fechamento dos canais negociais vão comprometer aquilo que a gente vinha caminhando muito bem que era a reconstrução do acordo que a gente esperava poder reimplementar de cotas, o que isentaria o Brasil em relação à taxação dos 50%", diz o presidente-executivo do Instituto do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes.
Em nota, a Embraer disse que avalia os possíveis impactos das medidas, caso o decreto de Trump se aplique à indústria de aviação do Brasil. A empresa afirmou ainda que trabalha para restabelecer a alíquota zero dos impostos de importação para o setor aeronáutico.
Mesmo apreensivos com o futuro de seus negócios, os empresários brasileiros têm adotado um tom cauteloso ao criticar as novas tarifas impostas pelo presidente americano. Eles acreditam que o bom relacionamento com parceiros comerciais americanos e o diálogo por canais diplomáticos serão fundamentais para tentar reverter - ou pelo menos reduzir - os impactos do tarifaço de Donald Trump.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Pescados, Eduardo Lobo, disse na noite desta quinta-feira (10) que os importadores americanos cancelaram todas as encomendas. O transporte de pescado demora até 25 dias, e não se sabe como será a aplicação da nova tarifa. 58 contêineres de pescados estão parados em portos brasileiros. Os Estados Unidos são o destino de 70% das exportações brasileiras.
Ataque tarifário americano espalha temores e incertezas entre empresários brasileiros
Reprodução/TV Globo
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